Cheiro de Almeirim
Pela Janela entra a uva
Pelo Portão sai o vinho
Tanto trabalho…tanto carinho
Fermenta o mosto já na cuba
O vinho é aqui, o nosso pão
O meu, é de todos o melhor.
Feito de trabalho e dedicação
Nenhum outro tem tanto sabor
O meu vinho é um caso à parte
É toda a minha arte…
A minha grande criação
À janela param os carros de bois
Com celhas de uva dourada.
Saiem do portão os aranhóis
Correm os cavalos pela calçada
Quantas adegas…quantas Caldeiras?
De Fazendeiros ou de Lavradores
Quantos ranchos de namoradeiras
Tantos bailes e adiafas de alegria
Quantos Rapazes perdidos de amores.
Quanta saudade, para quem partia
Coisas que já não se vivem agora
Privilégio dos que aqui viveram
E daquelas que por esse mundo fora
Nesse tempo aqui estiveram
Havia um cheiro diferente
Que embebedou muita gente
Cheiro que guardo na memória,
Pois nunca houve cheiro assim.
Não há já aranhois, nem aguardente
Era o cheiro dos tempos de glória
Cheiro que já não se sente
Que saudade…do cheiro de Almeirim
José J. Lima Monteiro Andrade
19 de Outubro 2008