
Jardins do Palácio de Estoi
"ALDEIA BRANCA"
Circunscrito à moldura da janela,
Vai o quadro do dia já a meio,
Potes de azul derramam-se na tela
E o sol a rir-se, a rir, bate-lhe em cheio.
Que inundação! Por cima de quintais,
Sobre telhados, torres, parreiras,
É o céu, é o céu azul demais!
Aflita, a aldeia acorre: e o ar atira
O gesso, a cal, chapões de claridade,
A ver se a cor deslava, o azul se atira.
Que superabundância – a claridade!
E eu visto a bata de escaiolador.
E eu sou espátula, pincel, pintor.
E eu já não sei o que faça a tanta cor.
Emiliano Costa
Poeta
Tavira 03-12-1884 Estoi 01-01-1968
Um busto do poeta com o poema aos pés pode ser visitado no
Largo General Humberto Delgado na freguesia de Estói – Faro.